Presidente russo quer mísseis que tenham a capacidade de atravessar qualquer escudo. Anúncio acontece semanas antes da posse de Trump.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta quinta-feira (22)
o reforço da capacidade nuclear do país, com a ajuda de mísseis que
tenham a capacidade de atravessar qualquer escudo.
"É necessário reforçar a capacidade militar das forças nucleares
estratégicas, sobretudo com a ajuda de sistemas de mísseis capazes de
atravessar sistemas de defesa antimísseis existentes ou futuros",
declarou Putin durante uma reunião com comandantes do exército russo,
informaram as agências locais.
O chefe de Estado fez a declaração após um ano em que sua aviação foi
fundamental para facilitar os avanços do regime de Bashar al-Assad na
Síria, e a poucas semanas da posse de Donald Trump nos Estados Unidos.
Moscou aguarda a posse de Trump em 20 de janeiro para reduzir a tensão
que manteve com a administração de Barack Obama nos últimos dois anos,
consequência dos conflitos da Ucrânia e Síria.
A Rússia demonstra preocupação com a instalação na Romênia e na Polônia
de elementos do escudo antimísseis americano, que Moscou denuncia como
uma tentativa de reduzir sua capacidade de dissuasão nuclear.
As acusações são desmentidas por Washington, que afirma que o escudo
pretende proteger a Europa de uma possível ameaça iraniana.
O aumento do arsenal nuclear russo não é uma novidade. Putin já havia
anunciado em junho de 2015 a implantação de mais de 40 novos mísseis
balísticos intercontinentais, com capacidade para "atravessar os
sistemas de defesa antiaérea mais sofisticados", depois que Washington
anunciou o plano de instalar armamento pesado no leste da Europa.
Washington alega que deseja tranquilizar os países bálticos e outros
Estados do leste da Europa, muito preocupados com as intenções de Moscou
desde a anexação da Crimeia em 2014.
Mas o aumento da presença da Otan em suas fronteiras é encarado como uma ameaça pela Rússia.
Putin acusou em junho a Otan de desejar levar o país a uma "frenética"
corrida armamentista e de romper "o equilíbrio militar" em vigor na
Europa desde a queda da da URSS.
'Mais poderosos'
No fim de 2014, a nova doutrina militar russa, cujo gasto militar
alcança atualmente 21% de seu orçamento - que mesmo assim continua muito
inferior ao dos Estados Unidos -, já apontava a expansão da Otan como
uma grande ameaça para a segurança do país.
"Temos que prestar atenção a qualquer mudança no equilíbrio de forças e
da situação político-militar no mundo e, sobretudo, nas fronteiras
russas. E corrigir a tempo nossos planos para eliminar as possíveis
ameaças contra nosso país", disse Putin.
O país organizou uma cara modernização das Forças Armados nos últimos
anos, com o envio de tropas adicionais ao extremo oeste da Rússia,
diante das instalações militares europeia da Otan.
A doutrina militar do Kremlin mão menciona, no entanto, a possibilidade
de um "ataque preventivo" com o uso de mísseis nucleares. Moscou se
reserva o direito de utilizar seu arsenal em caso de agressão contra o
país ou seus aliados ou no caso de "ameaça contra a existência do
Estado" russo.
O presidente considera que a Rússia já levou adiante "60%" da
modernização de suas forças nucleares, compostas por bombardeiros
estratégicos, mísseis balísticos intercontinentais e submarinos
nucleares.
"Hoje em dia somos mais poderosos que qualquer agressor potencial",
declarou Putin. "Mas se oferecermos apenas um respiro, (...) a situação
pode mudar rapidamente".
O conflito sírio deu ao exército russo a oportunidade de testar suas
armas em situação real, sejam mísseis de cruzeiro lançados por
submarinos, mísseis estratégicos de longo alcance disparados do solo
russo ou do porta-aviões "Almirante Kuznetsov".
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