Já na reta final do pregão, a informação de que o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá fez o índice virar mais uma vez e fechar com ganho de 1,86%.
As expectativas em torno de um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff também contribuíram para que o dólar e os juros futuros recuassem mais uma vez. O dólar comercial fechou cotado a R$ 3,6420, menor cotação em mais de seis meses. Com esse movimento, iniciado na semana passada com os desdobramentos da Operação Lava Jato, os investidores sinalizam que uma possível mudança no governo seria melhor para os negócios.
O principal índice da Bolsa paulista terminou aos 49.571,10 pontos. Como tem ocorrido nas últimas sessões, o giro financeiro foi expressivo, de R$ 11,806 bilhões.
Segundo operadores, o noticiário negativo envolvendo o ex-presidente Lula, que enfraqueceria mais a presidente Dilma Rousseff, foi o gatilho para Ibovespa voltar a subir. Contribuiu também o fato de os índices acionários em Wall Street terem diminuído as perdas no final da sessão.
As ações da Petrobras, que chegaram a recuar pressionadas pela queda do petróleo, terminaram com avanço de 4,60%, a R$ 7,95 (PN) e de 2,61%, a R$ 9,81 (ON). Os papéis ON do também estatal Banco do Brasil subiram 5,91%, a R$ 21,50.
Outras ações do setor financeiro também avançaram: Itaú Unibanco PN (+3,92%); Bradesco PN (+2,98%); Bradesco ON (+3,26%); BM&FBovespa ON (+4,60%). A exceção foi Santander unit, com -0,88%.
Os papéis da Vale foram destaque negativo de queda: as ações PNA perderam 6,89%, a R$ 10,13, e ON caíram 3,44%, a R$ 14,00. A forte queda foi influenciada pela informação de que a Justiça dos EUA autorizou ampliação do período que considera a compra de ADRs (recibos de ações negociados nos Estados Unidos) da mineradora na ação de investidores contra a companhia por conta do rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). Outro fator foi a queda do preço do minério de ferro na China.
O setor siderúrgico subiu: CSN ON ganhou 7,47%; Gerdau PN (+9,59%); Gerdau Metalúrgica (+14,97%) e Usiminas PNA (+9,89%).
DÓLAR E JUROS
O dólar comercial perdeu 1,51%, a R$ 3,6420, valor mais baixo desde 31 de agosto do ano passado (R$ 3,6290). O dólar à vista recuou fechou cotado a R$ 3,6510 (-1,64%), também na menor cotação desde 31 de agosto de 2015 (R$ 3,6325).
Pelo terceiro dia seguido, o real apresentou a maior valorização ante a moeda americana entre as moedas de países emergentes. Nesta quinta-feira, a moeda brasileira também subia mais frente ao dólar do que as principais moedas globais, como o euro e a libra.
Segundo profissionais do mercado, o movimento segue as apostas de uma eventual saída da presidente Dilma Rousseff do cargo, com aos desdobramentos da Operação Lava Jato, a denúncia contra o ex-presidente Lula e as expectativas de que os protestos pró-impeachment do próximo domingo tenham forte adesão da população.
O mesmo movimento é visto no mercado de juros futuros. O contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,890% para 13,830%, e o contrato de DI para janeiro de 2021 saiu de 14,390% para 14,290%.
Para analistas, a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, divulgada nesta quinta-feira, sinaliza que há espaço para um corte da taxa básica de juros (Selic) no segundo semestre deste ano, o que ajudou a derrubar os juros futuros nesta quinta-feira.
Dólar - Variação da moeda em 2016
No exterior, os mercados reagiram mal ao discurso do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, logo após a autoridade monetária divulgar novas medidas para estimular a economia na região. Draghi anunciou a redução das projeções de inflação e do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) na zona do euro.
As Bolsas europeias fecharam majoritariamente em queda: Londres (-1,78%); Paris (-1,70%); Frankfurt (-2,31%); Madri (+0,07%); e Milão (-0,50%)
"Os índices europeus foram pressionados principalmente pelo setor bancário, em função dos riscos à saúde financeira dos bancos com a política de juros negativos do BCE", observa Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.
Nos EUA, o Nasdaq encerrou em queda de 0,03%, o S&P 500 subiu 0,02% e o Nasdaq, -0,26%.
A queda do petróleo também colaborou para o cenário externo desfavorável. O petróleo Brent, negociado em Londres, recuava 2,14%, a US$ 40,19 o barril, nos EUA, o WTI perdia 0,97%, a US$ 37,92, depois de notícias de que os principais exportadores poderão não se reunir no próximo dia 20, como anunciado, para discutir o congelamento de produção. Uma adesão do Irã ao encontro ainda é uma incógnita.
Na Ásia, as Bolsas chinesas caíram cerca de 2% nesta quinta-feira, reagindo aos dados de aceleração da inflação acima do esperado.
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