A podridão começa a aparecer. O ministro Aloizio Mercadante tentou subornar o senador Delcidio Amaral e lhe ofereceu ajuda financeira, política e jurídica em troca de seu silêncio.
A revista VEJA revelou o conteúdo das conversas, que podem ser consideradas uma tentativa de obstrução da Justiça.
A partir do acesso à delação de Delcído, ficou evidenciado que o ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma, atual titular da pasta da Educação e um dos ministros mais próximos da presidente atuou como emissário de Dilma. Mercadante prometeu dinheiro e ajuda para que Delcídio deixasse a prisão e escapasse do processo de cassação de mandato no Senado. Em contrapartida, pede que Delcídio não "desestabilize tudo" com sua delação.
O senador Delcídio do Amaral cumpria uma jornada dupla quando era líder do governo. Em público, presidia a poderosa Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e negociava a aprovação das medidas de ajuste fiscal consideradas prioritárias pela presidente Dilma. Nos bastidores, era peça-chave na estratégia destinada a impedir que a Operação Lava-Jato descobrisse a cadeia de comando do petrolão. Longe dos holofotes, Delcídio atuava como bombeiro. Conversava com empreiteiros, funcionários da Petrobras e políticos acusados de participar do esquema de corrupção, anotava suas demandas e informações de bastidor e, depois, relatava-as em detalhes a Dilma e a Lula. Sua missão era antever dificuldades e propor soluções. Foi ele quem alertou a presidente de que a Odebrecht tinha pagado no exterior ao marqueteiro João Santana por serviços prestados a campanhas presidenciais do PT. Foi ele quem falou para Lula que petistas estrelados estavam reclamando de abandono e falta de solidariedade. Aos dois chefes, Delcídio fazia o mesmo diagnóstico: "Enterramos nossos cadáveres em cova rasa. É um erro. Precisamos enterrá-los com dignidade".
Diante da ciência do risco que a prisão do senador Delcídio Amaral representava para o governo, o Ministro Aloizio Mercadante foi escalado para conter a explosão da bomba e tentou subornar Delcídio Amaral porque o governo precisava desesperadamente esfriar a Lava Jato.
Em conversa gravada com o assessor de Delcídio, Mecadante citou as novas denúncias contra Dilma Rousseff, em particular as da Andrade Gutierrez. Leia abaixo um pequeno trecho da gravação:
Aloizio Mercadante - Sim... mas tem um lado e tem que pensar o seguinte... eu acho que precisa esfriar o assunto dele. Vão vir outros. Vai vir Andrade Gutierrez, não sei quem, não sei quem, o Zelada, o caralho, vai vir merda pra caralho toda hora. Aí vai diminuindo. Precisa esfriar o caso dele. Segundo: ele tando lá, não tem inquérito no Senado. Não tem como cassar um senador preso.
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