As glândulas de Bartholin são duas glândulas que se localizam na vulva, porção externa da genitália feminina, e têm como função a produção de um fluido lubrificante.
Existem dois problemas da glândula de Bartholin que são relativamente comuns: a formação de cisto ou de abscesso, este último um processo chamado também de bartolinite. Ambas complicações costumam surgir quando há uma obstrução do orifício de saída da glândula que impede a adequada drenagem dos seus fluidos.
Neste artigo vamos explicar o que são as glândulas de Bartholin e quais são os sintomas, causas e tratamentos do abscesso e do cisto de Bartholin.
O que é a glândula de Bartholin
Como já referido na introdução deste artigo, as glândulas de Bartolhin são dois pares de glândulas localizadas nos pequenos lábios, próximo à vagina. A sua função é produzir um fluido mucoso que serve para lubrificar e umidificar a vulva e a parte mais externa da vagina, principalmente durante o ato sexual.
Os ductos que transportam os fluidos produzidos pela glândula possuem cerca de 2,5 cm de comprimento e os seus orifícios de saída, por onde efetivamente são secretados o muco, possuem 0,5 cm de diâmetro.
Para facilitar a identificação anatômica das glândulas, se você pensar na vagina como um relógio, os orifícios de saída estarão localizados na marca das 4h e 8h. Em condições normais, as glândulas de Bartholin são pequenas e não costumam ser visíveis nem palpáveis.
Problemas da glândulas de Bartholin
As doenças da glândula de Bartholin ocorrem basicamente quando a saída de um ou ambos os ductos fica obstruída, impedido a eliminação do muco produzido. As duas complicações mais frequentes que surgem deste problema são o cisto de Bartholin e o abscesso da glândula de Bartholin. Vamos falar um pouquinho sobre cada uma das duas.
Os tumores sólidos benignos e malignos da glândula de Bartholin são muito raros e, portanto, não serão abordados neste artigo.
Cisto de Bartholin
Se o orifício de saída da glândula de Bartholin torna-se obstruído, todo o muco por ela produzido acaba ficando retido ao redor da própria glândula, criando um cisto, que nada mais é do que uma tumoração com conteúdo líquido no seu interior. Este cisto é chamado de cisto de Bartholin.
Cerca de 2% das mulheres em idade fértil desenvolvem o cisto de Bartholin. As crianças não costumam desenvolver esse problema, porque as glândulas de Bartholin não começam a funcionar até a puberdade. Da mesma forma, os cistos são incomuns após a menopausa, pois as glândulas tendem a se atrofiar e perder função com a idade.
Sintomas do cisto de Bartholin
Quando o cisto é pequeno, ele costuma passar despercebido, pois além de não ser facilmente visível ou palpável, ele também é indolor na maioria dos casos. Quando o cisto cresce para além de 1 cm de diâmetro, e esse processo pode levar de meses a anos, a mulher pode notar o surgimento de uma pequena tumoração (um carocinho) em um dos seus pequenos lábios. O cisto, nestes casos, costuma ser papável e visível, porém mantém-se indolor. Cistos maiores que 3 cm de diâmetro podem causar algum desconforto ao toque ou durante a relação sexual. Quanto maior for o cisto, maior é a chance dele causar desconforto, inclusive ao andar ou sentar.
Tratamento do cisto de Bartholin
Nenhum tratamento faz-se necessário nos casos de cistos assintomáticos. A paciente pode apenas fazer banhos de assento com água morna e manter a região limpa para evitar sua contaminação. Na imensa maioria dos casos, o cisto desaparece espontaneamente após alguns dias.
Se o cisto crescer muito e estiver causando algum desconforto, seja físico ou estético, ele pode ser drenado através de uma pequena incisão.
Nas mulheres com mais de 45 anos de idade, fase da vida em que esse tipo de cisto começa a ser incomum, é importante o médico avaliar a lesão com cuidado, pois ele pode ser, na verdade, um tumor, e não um cisto simples. Nestes casos, é prudente realizar uma incisão na lesão para que possamos fazer uma biópsia e ter certeza de que não se trata de um carcinoma da vulva.
Abscesso da glândula de Bartholin
O abscesso da glândula de Bartholin é uma complicação que surge quando o líquido aprisionado dentro do cisto de Bartholin contamina-se com bactérias e torna-se purulento. Essa complicação também é chamada de Bartholinite, cujo termo significa inflamação das glândulas de bartholin.
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A bactéria que mais comumente infecta o cisto e provoca abscesso da glândula de bartholin é a Escherichia coli, a mesma que habitualmente provoca os quadros de infecção urinária. Bactérias que normalmente habitam nossa pele tais como os Estafilococos e os Estreptococos também podem ser a causa. As bactérias que provocam a gonorreia e a clamídia, ambas doenças sexualmente transmissíveis, também podem ser o agente infeccioso responsável pela formação do abscesso.
Sintomas do abscesso da glândula de Bartholin
Ao contrario do cisto, o abscesso é uma tumoração que provoca intensos sintomas. A dor, o inchaço, a vermelhidão e o calor local são as principais características do quadro. Febre não é tão frequente e só ocorre em cerca de 20% dos casos. Em algumas situações, o abscesso pode drenar espontaneamente, liberando um líquido claramente purulento. Ao ser drenado, os sintomas costumam desaparecer.
Se além do abscesso, a paciente também apresentar corrimento vaginal amarelado ou esverdeado, o ginecologista deve sempre pensar em uma DST como a causa da bartholinite (leia: Tipos de Corrimento Vaginal: Branco, Amarelo, Marrom?).
Tratamento do abscesso da glândula de Bartholin
De maneira oposta ao cisto, que costuma ser assintomático e não requer tratamento específico, o abscesso da glândula de Bartholin, habitualmente, requer intervenção médica.
Se o abscesso for pequeno e pouco doloroso, a lesão pode ser tratada com banhos de assento frequentes, com duração de 15 minutos, 3 a 4 vezes por dia. Esse procedimento ajuda na drenagem espontânea do pus. Mesmo quando o banho de assento não é suficiente para tratar o abscesso, ele ajuda no alívio dos sintomas.
Na maioria dos casos, porém, o abscesso precisa mesmo de uma intervenção médica, como a drenagem cirúrgica. Esse procedimento é feito com uma simples incisão na lesão, realizada sob anestesia local. Após o pus ter sido todo drenado, o ginecologista implanta um pequeno cateter de borracha dentro do cisto, que serve para evitar que haja reacúmulo de pus. Esse cateter é retirado após 6 semanas.
Se a paciente não tiver febre e se a drenagem do pus tiver sido feita de forma eficaz, não é preciso prescrever antibióticos. Porém, se a causa do abscesso da glândula de Bartholin tiver sido uma DST, como a gonorreia ou a clamídia, o tratamento com antibioterapia adequada está indicado, pois a simples cura do abscesso não significa que a DST terá sido tratada.
Se após um tratamento bem sucedido a paciente voltar a apresentar recorrência do abscesso, uma técnica cirúrgica alternativa, chamada marsupialização, pode ser tentada. Neste tipo de cirurgia, também realizada sob anestesia local, o médico faz uma pequena incisão na lesão e depois sutura as suas bordar com a pele, de forma a manter um pequeno orifício permanentemente aberto para que os fluídos produzidos pela glândula de Bartholin não tenham mais risco de ficarem retidos.
Se a técnica de marsupialização falhar, e a paciente voltar a apresentar episódios de bartholinite, a solução final é uma cirurgia para retirada da glândula de Bartholin. Raramente é preciso chegar a esse recurso mais radical.
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