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Ex-chefe de gabinete de Delcídio do Amaral também relatou suposto pagamento de propina à família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

O ex-chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral disse, em delação premiada, que a presidente Dilma Rousseff atuou para tentar tirar Marcelo Odebrecht da cadeia.
Ele também deu detalhes de um suposto pagamento de propina à família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Diogo Ferreira dividiu a delação em dois temas: entrega de dinheiro e a participação de Dilma na indicação de um ministro do Superior Tribunal de Justiça, Marcelo Navarro.
Sobre a presidente, Diogo Ferreira confirmou a versão de Delcídio na delação premiada. Diogo relatou que ouviu de Delcídio detalhes sobre uma suposta reunião particular do senador com Dilma. Segundo o assessor, ela teria pedido a Delcídio"que obtivesse de Marcelo Navarro o compromisso de alinhamento com o governo para libertar determinados réus importantes da Lava-Jato; e, segundo o senador contou a Diogo, a presidente teria falado expressamente em Marcelo Odebrecht.

Sobre o ministro Diogo disse que ouviu de Delcídio que Marcelo Navarro estava sendo indicado  com a finalidade específica de libertar réus da operação Lava-Jato que eram importantes para o Governo Federal. Que, depois de um encontro com Delcídio, no Senado, Navarro falou, ao se despedir, no gabinete: "Não se preocupe, esta tudo entendido".

Diogo também citou o ex-presidente Lula. Ouviu de Delcídio que o ex-presidente estaria preocupado com a incisividade da Lava-Jato e com uma possível delação de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras - que à epoca já pensava em delatar.
O Palácio do Planalto já desmentiu as informações do senador Delcídio, repetidas pelo ex-chefe de gabinete, sobre o suposto pedido feito a Navarro. A presidente Dilma disse, inclusive, que nomeou vários ministros da turma que negou habeas corpus a presos da Lava-Jato e lembrou que Navarro não tomou nenhuma decisão sozinho. Levou o caso para julgamento de turma, o que, segundo o Planalto, contesta a versão dos delatores de que a presidente tentou beneficiar os presos.

O ex-assessor de Delcídio entregou aos procuradores mensagens que ele guardou no celular. Uma delas foi gravada em áudio. Mauricio Bumlai - filho do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, e que foi preso na operação Lava-Jato - conversa com Diogo no dia 12 de junho. Recebe de Maurício Bumlai as orientações para pegar dinheiro vivo, destinado a família de Cerveró. A TV Globo teve acesso à mensagem de áudio, em que Mauricio Bumlai dá o passo a passo pra Diogo encontrar o motorista.

"É melhor ele te pegar lá... Saindo ali do desembarque, no mesmo piso, você nem desce a rampa de táxi, sai ali à direita, e ele já vai tá la, tá? Eu vou te passar os dados do carro dele, aí você liga pra ele ...já estou saindo ... Você encosta, ele te pega, pra te atender lá... É um Ômega preto, placa NRO 8808, NRO 8808, Ômega preto”, disse Maurício Bumlai no áudio.

Foram três pagamentos feitos no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e em um hotel próximo. O primeiro, em uma sacola e em uma caixa de vinho. O segundo, em um envelope, entregue diretamente por Maurício Bumlai. E o terceiro, em uma caixa de sapato.
Como combinado, tudo foi entregue a Edson Ribero, então advogado de Cerveró, para repassar à família do ex-diretor da Petrobras.
Diogo contou também que ouviu de Delcídio que o próprio senador também fez um pagamento para a família de Cerveró por meio de Edson Ribeiro em um hotel em São Paulo.
O Palácio do Planalto afirmou que a presidente recebeu com profunda indignação o que chamou de mais uma inverdade declarada em delação premiada. A presidente afirmou que esse é um ataque mentiroso, baseado tão-somente no 'disse-me-disse', sem qualquer base de realidade".
O Instituto Lula declarou que o ex-presidente reafirma que jamais discutiu qualquer interferência na Operação Lava-Jato com o senador Delcídio do Amaral.
A defesa de Mauricio Bumlai afirmou que não teve acesso aos termos da delação, mas que ele nunca entregou nenhuma quantia a Diogo Ferreira ou a Delcídio e que esses fatos já foram esclarecidos à Procuradoria-Geral da República.
A defesa de Edson Ribeiro afirmou que ele nunca recebeu dinheiro de propina - e que nunca atuou pra que Cerveró não fizesse delação.
O advogado disse ainda que eventualmente o senador Delcídio ou seu assessor mandavam por ele documento para ser entregue a Bernardo, filho de Cerveró, mas que não conhecia o conteúdo.
A defesa de Delcídio afirma que os depoimentos de Diogo Ferreira confirmam integralmente a versão do senador.
E o ministro Marcelo Navarro afirmou que antes de entrar no STJ conversou com inúmeras autoridades dos três poderes, mas que jamais teve com essas pessoas conversa sobre libertação de presos da Lava-Jato.
Navarro disse que não concedeu habeas corpus a envolvidos e que, em outros seis processos, entendeu que a prisão poderia ser revogada, mas foi voto vencido e deixou de ser relator dos casos.

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