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Aliados de Temer planejam caravanas nacionais pela governabilidade, sinalizam nomes para ministérios e fazem pacto com o empresariado por ajuste fiscal e simplificação tributária

Após 13 anos de aliança com o Partido dos Trabalhadores, o PMDB selou, na tarde da terça-feira 29, o desembarque oficial do governo federal. O anúncio veio por aclamação, em reunião de menos de três minutos, que contou com mais de 60% do diretório nacional da sigla. A decisão é fruto de uma articulação intensa do vice-presidente da República, Michel Temer, que há meses ensaiava um rompimento com a presidente Dilma Rousseff. O peemedebista e seus aliados esperavam apenas a deflagração do processo de impeachment no Congresso Nacional, o que aproxima cada vez mais o vice do comando do Palácio do Planalto.

QUESTÃO DE TEMPO
O vice Michel Temer capitaneou o rompimento com Dilma (acima).
Agora, seus aliados já planejam futuro governo
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Se nas horas que antecederam a decisão do partido a agenda de Temer estava lotada de almoços, cafés e jantares com lideranças político-partidárias, nos últimos dias ele optou por sair dos holofotes e trocou o Palácio do Jaburu, em Brasília, por sua residência paulistana, de onde articula uma caravana pelo País a partir de abril para costurar a governabilidade. O deslocamento, entretanto, não interfere nas negociações que avançam a todo vapor. Enquanto algumas são conduzidas discretamente por Temer, muitas articulações seguem intermediadas por seus mais diversos emissários. Cotado para assumir a Casa Civil num eventual governo peemedebista, o ex-ministro e segundo vice-presidente do PMDB, Eliseu Padilha (RS), acompanha de perto a movimentação dos parlamentares acerca do impeachment e é um dos que tomou a frente do diálogo com os seis ministros que seguem no governo, a despeito da decisão do diretório.
Por sua vez, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, é o responsável por construir a segunda parte do programa partidário Ponte para o Futuro, também conhecido como Plano Temer no meio político. Desta vez, o foco é estabelecer e pactuar, com aliados, as diretrizes que orientariam um eventual governo peemedebista no campo social. Por exemplo, já está definido que o programa Bolsa Família permanecerá, mas acompanhado de políticas que permitam uma porta de saída aos beneficiários. A primeira parte, apresentada em outubro do ano passado, priorizava as políticas econômicas e recebeu a contribuição de nomes como o ex-ministro da Fazenda durante o governo de Costa e Silva Delfim Netto e o ex-secretário de Política Econômica de Antônio Palocci, no Governo Lula, Marcos Lisboa. De forma geral, defende maior rigor fiscal e o avanço na política de concessões e privatizações. Há ainda a proposta de simplificação dos tributos, que viria a partir de uma reforma tributária, com amplo apoio do empresariado e da indústria, liderada por Paulo Skaf, da FIESP, um dos principais interlocutores de Temer. O coordenador do “Ponte para o Futuro”, Moreira Franco é cotado para ser ministro-chefe da Secretaria de Governo, cargo hoje ocupado por Ricardo Berzoini, caso Dilma caia. O plano de Temer é formar uma ampla aliança que passe por um projeto para o País e não pelo balcão de negócios de cargos e liberação de verbas, instituído pelo PT.
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Nos bastidores, crescem as especulações sobre a composição do governo de Temer, caso o impeachment se concretize no Congresso. Além de Padilha e Franco, tidos como certos, a ida do senador José Serra para selar uma composição entre peemedebistas e tucanos também é cogitada. Ele é citado tanto para o comando do Planejamento, dada sua formação de economista, como da Saúde, da qual já foi titular no governo de Fernando Henrique Cardoso. Nada acontecerá, porém, sem o aval do presidente do PSDB, Aécio Neves, hoje o principal interlocutor de Temer no PSDB. Para assumir a Fazenda, são mencionados os nomes dos ex-presidentes do Banco Central Henrique Meirelles, do Governo Lula, e Armínio Fraga, do governo FHC. Na Saúde, outro forte candidato é o deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS), que preside a Frente Parlamentar da Saúde. Já para o Ministério da Justiça, tem sido ventilado o nome do ex-ministro do STF Nelson Jobim, mas também o do atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, que no governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ocupou ainda a Secretaria de Justiça do Estado.
Antes de sonhar com uma futura composição da Esplanada, entretanto, o PMDB necessita resolver imbróglios internos, como a permanência de seis dos sete ministros em seus cargos, apesar da decisão do diretório nacional. Até o momento, apenas o titular do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), deixou a pasta. Além disso, os parlamentares da sigla desempenharão papel fundamental no processo de impeachment de Dilma.
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Para os aliados de Temer, o partido alcançou uma unidade poucas vezes vista na história da legenda. Isto, apesar da falta de autoestima de alguns futuros ex-ministros, que assistem Dilma negociar os seus cargos e ainda ficam relutam em deixar o governo.
Já o papel de Renan Calheiros, requer um roteiro diferenciado. Como presidente do Senado, ele será uma espécie de magistrado na condução do processo de impeachment. Por esta razão, já enviou recados ao grupo de Temer dizendo que deverá atuar de forma mais discreta nas próximas semanas, embora venha mantendo interlocução direta com o vice-presidente. Nos bastidores, Renan tem orientado o seu filho e governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho, a se afastar do governo federal.
Fotos: Eduardo Anizelli/Folhapress; Pendente/ESTADÃO CONTEÚDO, Guilherme Pinto/Agência O Globo; Marcelo Camargo/Agência Brasil

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